quinta-feira, 14 de março de 2013

Feliz Dia Nacional da Poesia: 14 de março



Feliz Dia Nacional da Poesia: 14 de março

"Todas as vozes que procuro e chamo ouço-as dentro de mim porque eu as amo"...

Cruz e Souza
(1861/1898)


João da Cruz e Sousa nasceu em 24 de novembro de 1861, em Desterro (Florianópolis/SC). Era filho de ex-escravos e ficou sob a proteção dos antigos proprietários de seus pais, após receberem alforria. Por este motivo, recebeu uma educação exemplar no Liceu Provincial de Santa Catarina. Além disso, o sobrenome Sousa é advindo do ex-patrão, o marechal Guilherme Xavier de Sousa, o que demonstra o afeto do mesmo para com os pais do futuro autor.

Apesar disso, Cruz e Sousa teve que enfrentar o preconceito racial que era muito mais evidente na época do que é hoje em dia. No entanto, isso não foi pretexto para desmotivá-lo, uma vez que é conhecido como o mais importante escritor do Simbolismo.

Foi diretor do jornal abolicionista Tribuna Popular em 1881. Dois anos mais tarde, foi nomeado promotor público de Laguna (SC), no entanto, foi recusado logo em seguida por ser negro.

Depois de algum tempo no Rio Grande do Sul e após enfrentar represália para não sair de sua terra natal por motivo de preconceito, o autor fixa residência no Rio de Janeiro, onde trabalhou em empregos que não condiziam com sua capacidade e formação.

É então, em 1893, que publica suas obras Missal (poemas em prosa) e Broquéis (poesias), as quais são consideradas o marco inicial do Simbolismo no Brasil que perduraria até 1922 com a Semana de Arte Moderna.

Casou-se com Gavita Gonçalves, com quem teve quatro filhos, os quais morreram precocemente por tuberculose, o que deixou-a enlouquecida 1896. Foi o escritor quem cuidou da esposa, em casa mesmo. Essa é a temática de muitos poemas de Cruz e Sousa.

A linguagem de Cruz e Sousa, herdada do Parnasianismo, é requintada, porém criativa, na medida em que dá ênfase à musicalidade dos versos por intermédio da exploração dos aspectos sonoros dos vocábulos.

Cruz e Sousa faleceu aos 36 anos, em 19 de março de 1898 (Povoado de Estação do Sítio/Antônio Carlos/MG), vítima do agravamento no quadro de tuberculose.

Obras

Poesia: Broquéis (1893); Faróis (1900) e Últimos sonetos (1905).
Prosa poética: Tropos e fanfarras (1885) em conjunto com Virgílio Várzea, Missal (1893) e Evocações (1898).

Por Sabrina Vilarinho

Graduada em Letras
Equipe Brasil Escola

14 mar 2013

Casa onde nasceu o poeta

Inefável!

Nada há que me domine e que me vença
Quando a minh'alma mudamente acorda...
Ela rebenta em flor, ela transborda
Nos alvoroços da emoção imensa.

Sou como um Réu de celestial Sentença,

Condenado do Amor, que se recorda
Do Amor e sempre no Silêncio borda
D'estrelas todo o céu em que erra e pensa.

Claros, meus olhos tornam-se mais claros
E tudo vejo dos encantos raros
E de outra mais serenas madrugadas!

Todas as vozes que procuro e chamo
Ouço-as dentro de mim, porque eu as amo
Na minh'alma volteando arrebatadas! 

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