Feliz Dia Nacional da Poesia: 14 de março
"Todas as vozes que procuro e chamo ouço-as dentro de mim porque eu as
amo"...
Cruz e Souza
(1861/1898)
João da Cruz e Sousa nasceu em 24 de
novembro de 1861, em Desterro (Florianópolis/SC). Era filho de ex-escravos e
ficou sob a proteção dos antigos proprietários de seus pais, após receberem
alforria. Por este motivo, recebeu uma educação exemplar no Liceu Provincial de
Santa Catarina. Além disso, o sobrenome Sousa é advindo do ex-patrão, o
marechal Guilherme Xavier de Sousa, o que demonstra o afeto do mesmo para com
os pais do futuro autor.
Apesar disso, Cruz e Sousa teve que
enfrentar o preconceito racial que era muito mais evidente na época do que é
hoje em dia. No entanto, isso não foi pretexto para desmotivá-lo, uma vez que é
conhecido como o mais importante escritor do Simbolismo.
Foi diretor do jornal abolicionista
Tribuna Popular em 1881. Dois anos mais tarde, foi nomeado promotor público de
Laguna (SC), no entanto, foi recusado logo em seguida por ser negro.
Depois de algum tempo no Rio Grande do
Sul e após enfrentar represália para não sair de sua terra natal por motivo de
preconceito, o autor fixa residência no Rio de Janeiro, onde trabalhou em
empregos que não condiziam com sua capacidade e formação.
É então, em 1893, que publica suas
obras Missal (poemas em prosa) e Broquéis (poesias), as quais são consideradas
o marco inicial do Simbolismo no Brasil que perduraria até 1922 com a Semana de
Arte Moderna.
Casou-se com Gavita Gonçalves, com
quem teve quatro filhos, os quais morreram precocemente por tuberculose, o que
deixou-a enlouquecida 1896. Foi o escritor quem cuidou da esposa, em casa
mesmo. Essa é a temática de muitos poemas de Cruz e Sousa.
A linguagem de Cruz e Sousa, herdada
do Parnasianismo, é requintada, porém criativa, na medida em que dá ênfase à
musicalidade dos versos por intermédio da exploração dos aspectos sonoros dos
vocábulos.
Cruz e Sousa faleceu aos 36 anos, em
19 de março de 1898 (Povoado de Estação do Sítio/Antônio Carlos/MG), vítima do agravamento no quadro de tuberculose.
Obras
Poesia:
Broquéis (1893); Faróis (1900) e Últimos sonetos (1905).
Prosa poética:
Tropos e fanfarras (1885) em conjunto com Virgílio Várzea, Missal (1893) e
Evocações (1898).
Por
Sabrina Vilarinho
Graduada em Letras
Equipe Brasil Escola
Reproduzido
de Brasil Escola, A Cor da Cultura e Wikipedia
14 mar 2013
Casa onde nasceu o poeta
Inefável!
Nada há que me domine e que me vença
Quando a minh'alma mudamente acorda...
Ela rebenta em flor, ela transborda
Nos alvoroços da emoção imensa.
Sou como um Réu de celestial Sentença,
Condenado do Amor, que se recorda
Do Amor e sempre no Silêncio borda
D'estrelas todo o céu em que erra e
pensa.
Claros, meus olhos tornam-se mais
claros
E tudo vejo dos encantos raros
E de outra mais serenas madrugadas!
Todas as vozes que procuro e chamo
Ouço-as dentro de mim, porque eu as
amo
Na minh'alma volteando arrebatadas!
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