O
Metropolitan Museum of Art, de Nova York, um dos maiores e mais importantes
museus do mundo, disponibilizou parte de suas publicações para download
gratuito. São 375 livros. As obras disponibilizadas foram publicadas entre 1964
e 2012 e compreendem todo o período da história da arte — ressaltando as
características artísticas distintivas e influentes, classificando as
diferentes formas de cultura e estabelecendo a sua periodização. Além de
estudos críticos, o acervo também contempla estudos biográficos de artistas
como Pablo Picasso, Salvador Dalí, Van Gogh, Leonardo da Vinci, Michelangelo,
Rembrandt, Claude Monet, Rosa Bonheur, Georgia O’Keeffe, John Singer Sargent e
Utagawa Hiroshige. Os livros estão disponíveis para download no formato
PDF ou podem ser lidos on-line.
25 mil imagens de obras de arte em
alta resolução para download gratuito
A National
Gallery of Art (Galeria de Arte Nacional), localizada em Washington, Estados
Unidos, em parceria com a fundação Samuel H. Kress, disponibilizou para
download gratuito 25 mil imagens de obras de arte em alta resolução. As imagens
estão divididas por categorias ou podem ser consultadas por meio da busca
pelo nome do autor ou título da obra.
Para fazer o
download basta clicar sobre uma das setas localizadas abaixo das imagem
desejada e mandar salvar. Existem duas opções de download, em média resolução
(1200 pixels — uma seta), ou em alta resolução (3000 mil pixels — duas setas).
A lenda é assim! Basta que exista
um bambuzal e, de repente, de dentro dos caniços, nascem os sacis. É como eles
vêm ao mundo, dispostos a fazer estripulias. Conta a história que esses seres
já existiam bem antes do tempo que os portugueses invadiram nossas terras.
Ele nasceu índio, moleque das
matas, guardião da floresta, a voejar pelos espaços infinitos do mundo
Tupi-Guarani. Depois, vieram os brancos, a ocupação, e a memória do ser
encantado foi se apagando na medida em que os próprios povos originários foram
sendo dizimados.
Quando milhares de negros, caçados na
África e trazidos à força como escravos, chegaram no já colonizado Brasil,
houve uma redescoberta. Da memória dos índios, os negros escravos recuperaram o
moleque libertário, conhecedor dos caminhos, brincalhão e irreverente. Aquele
mito originário era como um sopro de alegria na vida sofrida de quem se
arrastava com o peso das correntes da escravidão.
Então, o moleque índio ficou preto, perdeu uma
perna e ganhou um barrete vermelho, símbolo máximo da liberdade. Ele era tudo o
que o escravo queria ser: livre! Desde então, essa figura adorável faz parte do
imaginário das gentes nascidas no Brasil.
O Saci-Pererê é a própria rebeldia, a alegria, a
liberdade. Com o processo de colonização cultural via Estados Unidos – uma nova
escravidão - foi entrando devagar, na vida das crianças brasileiras, um outro
mito, alienígena, forasteiro. O mito do Haloween, a hora da bruxa e da abóbora,
lanterna de Jack, o homem que fez acordo com o diabo.
Queremos vida digna, um país soberano na política,
na economia, na arte e na cultura. Cada região deste Brasil tem seus próprios
mitos. Caipora, Boitatá, Curupira, Bruxa, Negrinho do Pastoreio... São os
amigos do Saci que estão presentes na atividade do Dia do Saci Pererê, saudando
e buscando a liberdade.
Elaine Tavares
Em
Florianópolis a celebração do Dia Nacional do Saci-Pererê se deu no dia 31 de
outubro, quarta-feira, das 16h30 às 18h30, na Esquina Democrática, em frente à
igreja São Francisco. Promoção é do Sindicato dos Trabalhadores no Poder
Judiciário Federal do Estado de Santa Catarina (Sintrajusc), com apoio do
Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal de Santa Catarina
(Sintufsc) e da Revista Pobres & Nojentas.
*** O SACI (1951)
O Saci
Direção de Rodolfo Nanni (Brasil, 1951)
O Saci e o fantástico para
crianças
O
Saci foi um marco para o cinema brasileiro por várias razões: foi o
primeiro longa-metragem infantil realizado no país, o primeiro inspirado na
obra de Monteiro Lobato e também um dos primeiros a reunir um grupo de artistas
e intelectuais que teria papel definitivo na constituição de um projeto de
cinema nacional, como o cineasta Nelson Pereira dos Santos, que foi assistente
de direção do filme, e o pesquisador Alex Viany, gerente de produção. A equipe,
chefiada pelo artista plástico Rodolfo Nanni, que até então tinha experiência
no cinema apenas como continuísta (do inacabado AGLAIA, de Ruy Santos),
contava também com outros profissionais importantes, como o fotógrafo Ruy
Santos, o compositor Cláudio Santoro e o montador José Cañizares, além do
elenco composto pelas crianças (Paulo Matozinho, como Saci; Livio Nanni, como
Pedrinho; Aristela Paula Souza, como Narizinho) e outros atores convidados,
como Maria Rosa Ribeiro (Dona Benta), Otávio Araújo (Tio Barnabé) e Benedita
Rodrigues (Tia Nastácia).
Concebido
como um projeto quase familiar e filmado nos estúdios alugados da
Cinematográfica Maristela, em São Paulo, entre 1951 e 1953, o longa foi
produzido num sistema independente, mas obteve, depois, significativo sucesso
comercial. Inspirado no Saci-Pererê (1), figura folclórica conhecida no Brasil
desde o século XVII, e cuja origem está na junção de uma figura da mitologia
indígena com elementos das culturas africana e européia, o filme trazia a
entidade brincalhona a partir da visão do escritor Monteiro Lobato, que a
transformou em personagem recorrente da coleção Sítio do Pica-pau Amarelo,
publicada entre 1921 e 1947 – e iniciada justamente com o livro O Saci.
O
longa de Rodolfo Nanni contava uma das aventuras das crianças Pedrinho e
Narizinho no Sítio do Pica-Pau Amarelo, quando o menino aprende a caçar sacis e
acaba ficando amigo de um deles, que o leva para assistir à “sacizada” (reunião
em que dezenas de sacis que se encontram magicamente durante a noite) no meio
da floresta. Então, Pedrinho e seu novo amigo descobrem que Narizinho fora
petrificada pela maldosa bruxa Cuca, e precisam resgatá-la em uma caverna
assombrada, para desespero da vovó Dona Benta e da fiel cozinheira Tia
Nastácia.
Como
se pode depreender da trama, o filme era dedicado ao público infantil, mas
também fazia parte de uma proposta mais abrangente de seus realizadores, no
sentido de abordar a cultura e a identidade brasileiras no cinema, apresentando
soluções estéticas diferentes daquelas que as grandes produtoras cariocas e
paulistas (como a Atlântida, a Vera Cruz e a própria Maristela) haviam
escolhido. Nesse sentido, o longa chama a atenção por apresentar-se como uma
experiência lúdica, que abordou, de maneira quase teatral na direção de arte, e
quase documental na direção de fotografia, personagens típicos da literatura e
do folclore brasileiros, num recorte que pouco tinha a ver com um cinema “de
gênero” internacional pretensamente emulado nos estúdios da época, e estava
muito mais ligado à literatura e às representações populares do fantástico na
cultura brasileira.
A
obra acabou fazendo uma boa carreira comercial, beneficiando-se da popularidade
dos textos de Monteiro Lobato e das leis de proteção ao cinema brasileiro, que
garantiram a circulação da fita, sobretudo nas cidades do interior do país. O
Saci também ganhou alguns prêmios importantes, como o Prêmio Saci de 1954
(concedido pelo jornal O Estado de S. Paulo) e o Prêmio Governador do
Estado de São Paulo, no mesmo ano. O filme também teve sua memória
relativamente bem preservada, sendo exibido eventualmente na televisão (nas
emissoras educativas), e ganhando recentemente uma pouco divulgada edição em
DVD, que traz, nos extras, um detalhado documentário sobre a realização do
filme.
Ficha técnica
Diretor: Rodolfo
Nanni
Elenco: Paulo
Matozinho, Lívio Nanni, Otávio Araújo, Olga Maria, Maria Rosa Ribeiro, Aristéia
Paula de Souza.
Alexandre Mury trabalha auto-retratos, a partir de releituras de ícones, da pintura, escultura, cinema, literatura e outras referências da cultura universal usando a fotografia como suporte. O artista fotografa desde os 16 anos e realizou sua primeira exposição coletiva importante em 2010 no MAM-RIO (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro), fazendo parte da coleção de Gilberto Chateaubriand.
Nascido no estado do Rio de Janeiro, no dia 13 de janeiro de 1976 é um artista por vocação, desde criança desenhou e pintou. A fotografia como expressão vem legitimá-lo como artista a partir do momento em que começa a ter suas primeiras obras na coleção de renomados colecionadores brasileiros de arte como Joaquim Paiva. Através da livre interpretação recontextualizada, lúdica e intrigante faz ressignificar célebres criações eternizadas e convida para repensar os clássicos. O caráter performático, a auto-direção, a escolha e produção de figurinos e cenários esquadrinham o estilo, inventividade e habilidades de um multiartista. A auto-imagem e o discurso do “eu” orientam a unicidade no conjunto de uma obra bastante eclética. O improviso e a visão alegórica remetendo as coisas do Brasil com uma estética vernacular e peculiar no trabalho do artista que explora o contexto contemporâneo mundial de reciclagens e releituras.
Conheça mais sobre o artista clicando aqui. Foto: Alexandre Mury "como" Dr. Gachet, pintado por Van Gogh (1890) atualmente exposto no Museu D'Orsay (Paris/França)
A arte acadêmica valorizava temas históricos, religiosos e mitológicos. A pintura nos gêneros de Paisagem e Retratos, quando retratava pessoas comuns, eram considerados gêneros inferiores. No século XIX, os pintores ligados ao Romantismo e ao Impressionismo recuperaram a paisagem como um gênero de pintura de primeira ordem. Por sua vez, Van Gogh trabalhou muito em retratos e auto-retratos. Produziu cerca de 40 auto-retratos - um número inferior apenas ao de Rembrandt. Realizou inúmeros retratos da família Roulin: o pai, O carteiro Roulin (1888); sua esposa, La Berceuse (1889); e O bebê Marcelle Roulin. O Escolar é o retrato de Camille Roulin, outro filho de seu amigo carteiro, pintado de memória.
Nesta pintura observa-se a busca expressionista do artista, empregando cores fortes e pinceladas bem marcadas, no lugar do uso de cores naturalistas. Van Gogh pintava como sentia aquilo que seus olhos enxergavam, e usava a cor para essa expressão - por isso a aparente forma arbitrária de sua colocação. O fundo vermelhão gera, com o azul claro e luminoso da blusa, uma carga intensa de vida na figura do menino. Mas seu olhar, dirigido para baixo, demonstra um certo acanhamento. Há uma tensão presente, criada pelo contraste entre a vivacidade das cores e uma certa tristeza presente em seu olhar, assim como entre a forte expressão da imagem da criança e o sentido romântico da infância, cuja simbologia está associada à inocência, à idéia de pureza, de natureza intocada. A dor que vemos dramatizada na representação deformada da mão do menino é tão intensa quanto aquela que as palavras de Van Gogh mostram que ele viveu. Em tal medida, impera aqui uma máxima artística: uma obra, de forma representativa ou não, é sempre um auto-retrato de seu autor.
Quando Van Gogh esteve internado em um hospício, em Saint-Rémy, as crises de alucinações às vezes chegavam em meio a sessões de pintura. Apesar de toda a dor que a consciência da doença lhe causava, o artista entendia que a pintura era o seu melhor remédio. O trabalho sempre o absorveu completamente e sua paixão interior encontrou na arte a válvula de descompressão, o que lhe permitiu seguir adiante. Ele era um apaixonado pela natureza e pela vida das pessoas simples. Num desses difíceis momentos, após superar uma das crises, escreveu a Théo: "Pois bem, sabe o que espero, uma vez que recomeço a ter esperanças? É que a família seja para você o que para mim é a natureza, os torrões de terra, a relva, o trigo amarelo, o camponês, ou seja, que você encontre em seu amor pelas pessoas motivo não só para trabalhar mas com que se consolar e reerguer-se, quando necessário".
Leia mais sobre a obra na dissertação de Giovana Deliberali Maimone, “Estudo do tratamento informacional de imagens artístico-pictóricas: cenário paulista – análise e propostas” (PUC Campinas, 2007) da página 96 a 101, clicando aqui.