Os
recém-eleitos diretores de unidades de ensino municipal de Florianópolis tomam
posse na próxima quarta-feira, às 19h, na sede da Associação Catarinense de
Medicina. Eles ficarão no cargo por três anos. Foram eleitos dirigentes de 34
escolas, 47 creches e de 21 núcleos de educação infantil. Onde não houve
quórum, ou candidatos, cabe à Secretaria de Educação indicar o diretor. O
pleito contou com 17.332 votantes. Estavam aptos a votar 32.448 pessoas, entre
professores, alunos, pais ou responsáveis pelas crianças.
Escola
de Florianópolis oferece curso de Robótica e desperta interesse de adolescentes
em atuar na área
Especialistas
explicam que a disciplina ajuda a desenvolver a criatividade e o ensino
multidisciplinar
Por
Karine Wenzel
Quem entra na sala de
aula pode pensar que o espaço repleto de brinquedos é como outro qualquer de
uma escola. A cena remete a isso quando se veem jovens com idade entre 11 e 14
anos brincando com peças de lego de forma descontraída. Mas na verdade trata-se
de um curso de Robótica da Escola Básica Municipal Beatriz de Souza Brito, no
bairro Pantanal, em Florianópolis. Embora o assunto pareça ser de gente grande,
aos poucos ele começa a fazer parte do universo de crianças e adolescentes.
Muitos deles já sonham com um futuro profissional em meio a softwares, robôs
móveis, engenharia e computação.
O aluno da oitava série
Thiago Arnhold de Azevedo, 13 anos, é um deles. Acostumado a brincar com as
peças do lego, ele agora utiliza o conhecimento para montar robôs móveis que
carregam coisas e até podem ajudam equipes de salvamento em catástrofes.
— O curso é muito
interessante porque estimula a gente a trabalhar em equipe — comenta Thiago,
que planeja atuar na área de engenharia da automação daqui a alguns anos.
O garoto é um dos 25
alunos do curso de Robótica da Beatriz de Souza Brito, um projeto que faz parte
da Jornada de Educação Tecnológica (JET) e que conta com o apoio da prefeitura
de Florianópolis.
Conforme a supervisora
de Educação do Sesi, Karine Ribeiro, a JET — iniciativa do Sesi-SC em parceria
com a Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate) — começou a
desenvolver cursos em 2006 e já formou mais de 400 jovens em diferentes áreas
de tecnologia. Na escola de Thiago, os alunos aprendem noções básicas de
robótica de forma lúdica e divertida durante o encontro semanal de três horas. Conforme
o instrutor da turma, Hugo Gomes, as crianças já nascem sabendo e adoram
tecnologia.
— Às vezes eu até
aprendo com eles. Acho que quanto mais cedo conseguirmos fazer despertar esse
interesse, melhor será o ingresso profissional — afirma Gomes.
Curso
ajuda a desenvolver a criatividade e o ensino multidisciplinar
Exercitar a criatividade
e relacionar conhecimentos de diversas disciplinas são algumas das vantagens
apontadas por especialistas sobre o ensino da robótica para crianças e
adolescentes nas salas de aula. De acordo com Silvio Kotujansky, diretor da
Vertical Educação, grupo de empresas do setor vinculado à Associação
Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate), os projetos que envolvem
robótica são desenvolvidos em ambientes de aprendizado muito ricos, pois
ensinam os alunos a utilizarem materiais como sucata, motores, sensores e
softwares. Além disso, transformam a teoria em prática e de forma lúdica.
— Eles (alunos)
trabalham em equipe e com gestão de projetos, além de usarem noções de física,
matemática e até português — avalia.
Em contrapartida, as
organizações também saem ganhando com a iniciativa. Kotujansky afirma que as
empresas precisam de profissionais que saibam inovar, que sejam criativos e
entendam de tecnologia para atender a um mercado cada vez mais competitivo.
O professor Anderson
Luiz Fernandes Perez, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC),
coordena o Projeto Oficina de Robótica da instituição no campus de Araranguá.
Lá, os estudantes do
ensino médio da Escola de Educação Básica Professora Maria Garcia Pessi são
capacitados para desenvolver pequenos dispositivos robóticos. Mas a
contribuição do projeto vai muito além disso.
— Contávamos com alunos
que nem tinham ideia do que estudar e hoje se interessam pelo curso. E tem
aqueles que despertaram a vontade de fazer Engenharia de Computação, por
exemplo, a partir das aulas de robótica — diz.
Modelo
de trabalho será desenvolvido para as meninas no próximo ano
Na avaliação do
professor, as escolas deveriam ter disciplinas de engenharia e robótica em sua
grade curricular para suprir a carência do mercado de trabalho.
O
projeto Oficina de Robótica, que tem financiamento do Conselho Nacional de
Pesquisa de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da mineradora
Vale S.A, deve atender 120 alunos até fevereiro de 2014. No próximo ano, Perez
planeja desenvolver um novo trabalho, também de robótica, porém voltado
exclusivamente para as meninas do ensino médio.
Professores com doutorado são minoria em
sala de aula no ensino fundamental
SC tem 42 professores doutores nessa etapa de aprendizado, o que representa
0,1% do total
Por Júlia Antônio Lourenço
Diário Catarinense
06/11/12
Pedro Cabral Junior tem 51 anos e metade deste tempo passou em sala de aula.
Depois de 25 anos estudando, é dono do título de doutor. Todo o conhecimento
adquirido repassa para seus alunos da educação básica. Como ele, há outros 41
professores doutores em Santa Catarina no ensino fundamental — o que representa
0,1% dos 41.787 profissionais.
No
Brasil, o percentual é ainda menor: 0,08% de 1.389.706 professores de ensino
fundamental tem doutorado. Os dados são do Ministério da Educação, referentes a
2011. O Estado com mais doutores é o Rio de Janeiro, com índice de 0,3%.
Baixos
salários e até mesmo um entendimento de que lugar de doutor é na universidade
levam educadores a deixarem as escolas básicas. Cabral Júnior pensa diferente.
A caminho de um pós-doutorado, o professor de artes, de 5º a 9º ano, do colégio
municipal Beatriz de Souza Brito, em Florianópolis, nunca cogitou sair da
escola.
—
Aqui é onde eu consigo atingir as coisas que eu acredito com mais intensidade.
A revolução que a gente tanto prega é feita no teu espaço de trabalho e na
base. É onde eu escolhi estar e ser feliz. Sou professor por opção, e eu gosto
de estar aqui. Me divirto em sala de aula — afirma.
Cabral
acredita que a escola é onde começa a construção do conhecimento, das ideias e
dos valores. Além de estar no lugar que escolheu, ele também diz que o salário
está dentro do que considera justo para um professor com doutorado, levando em
conta seus 28 anos de serviços na rede municipal.
Para
professor, estudar e voltar pra escola é ótimo
Cabral
acredita que há poucos doutores no ensino fundamental por uma ideia de que ter
doutorado e dar aula para crianças é muito pouco. Quando fala que tem doutorado,
as pessoas perguntam em qual universidade ele trabalha.
—
O status te impõe e obriga que seja professor universitário e até existe uma
desconfiança das pessoas que pensam que não estou na universidade porque não
passei em concurso — observa Cabral, que já deu aula em universidade.
Apesar
de serem poucos os doutores no ensino fundamental, ele acredita que a
especialização faz bastante diferença em seu trabalho.
—
Quando voltei do doutorado, eu brincava: vocês não notaram como eu estou
diferente, como estou melhor? Sair do dia-a-dia e ir para os bancos escolares,
estudar e depois voltar para o espaço de onde saiu é ótimo. Ver que existe
outras possibilidade de fazer diferente. O dia-a-dia nos cega, impede até às
vezes que a gente leia e estude. Mas a saída te dá esse refresco — finaliza.
"Não
se muda o chão da escola estando longe dele", diz estudioso
Professores
com doutorado são fundamentais para qualquer nível e modalidade de ensino. É
esta a opinião do professor da Universidade do Estado de Santa Catarina e
presidente do conselho municipal de educação de Florianópolis, Lourival José
Martins Filho, que também integra o comitê de educação do DC. Para ele, não se
muda o chão da escola estando longe dele.
—
Que bom seria se da educação infantil, desde a creche, até a educação de jovens
e adultos contássemos com a presença de professores doutores pesquisadores com
a dignidade profissional e salarial reconhecida — ressalta.
O
salário baixo leva muitos professores escolherem o ensino superior, mas não é o
único motivo. Um outro seria a questão cultural, de associar o doutor às
universidades e aos institutos de pesquisa.
—
Existe um preconceito entre os próprios docentes. Alguns afirmam "fulano
tem mestrado ou doutorado e está trabalhando com crianças pequenas ou está
alfabetizando ou está na coordenação pedagógica". Seria maravilhoso se
doutores fossem reconhecidos em todas as etapas da educação.
Martins
acrescenta que a própria educação básica brasileira não está preparada para a
escola ser um laboratório de aprendizagem. Cada colégio deveria ter professores
efetivos com dedicação exclusiva para serem pesquisadores dos problemas
cotidianos.
Ele
argumenta que a solução dos conflitos da escola não está fora dela. São os
próprios docentes que podem construir novas alternativas.
Alunos da EBM Beatriz de Souza Brito na redação do Diário Catarinense
O Diário Catarinense recebeu a visita da EBM Beatriz de Souza Brito, de Florianópolis
Na visita os alunos puderam conhecer o processo de produção do jornal
A EBM Beatriz de Souza Brito, de Florianópolis, visitou na terça-feira (12/06/12) a sede do jornal Diário Catarinense com o objetivo de conhecer o processo de produção e edição de um jornal de grande circulação, tendo em vista a qualificação do processo de elaboração de um Jornal Escolar (Notícias da Bia).
Os alunos foram recebidos pelo jornalista Marcos Castiel junto com a Coordenadora Pedagógica do Diário Catarinense, Vanessa S. Esteves. Segundo a professora Maria Izabel Hentz, que organizou a vinda dos alunos ao jornal, "foi tudo foi muito proveitoso, muito válido e nos propiciou muitas aprendizagens!" Foi um prazer recebê-los!
Confira o jornal produzido pelos alunos no 4º bimestre de 2011, clicandoaqui.
“Célestin Freinet e Janusz Korczak, precursores do jornal escolar”, por Marco Aurélio Sobreiro (NCE/USP) clicandoaqui.
“O Jornal Escolar e a livre expressão na visão de Célestin Freinet”(Fórum Paranaense de Educomunicação, 2011), por Luciane Justus dos Santos clicandoaqui.
"Jornal escolar e vivências humanas: um roteiro de viagem", por Jorge Kanehide Ijuim (Tese de Doutorado, USP, 2002) clicandoaqui.