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sábado, 26 de outubro de 2013

A Caixa de Beatriz


A Caixa de Beatriz

Em outubro de 2013 durante a Semana das Crianças na Escola Beatriz, o Mágico de Triz apresentou à meninada a extraordinária Caixa de Beatriz que, segundo uma antiquíssima lenda, tem dentro dela uma mágica poderosíssima que apenas as crianças conseguem descobrir o segredo e realizar um maravilhoso feito.

Há muitos e muitos anos atrás, na verdade milhares de anos, houve uma caixa mais ou menos parecida - chamada Caixa de Pandora pelos antigos gregos - que continha dentro dela todos os males, ruindades e tristezas. Dizem que um dia ela foi aberta pela Senhora Pandora, espalhando tudo isso pelo mundo. Só uma “coisa” ficou lá dentro da tal caixa, após ela ser fechada às pressas: a Esperança.

Mas, porém, todavia, contudo, havia uma menininha muito esperta - que muitos creem que cresceu e passou a se chamar Dona Maternidade - que possuía uma outra caixa, e dentro dela haviam todas as bondades e belezas, enfim, as Alegrias, que também poderiam ser espalhadas pelo mundo. E essa menininha inventou de fazer muitas e muitas caixas com bastante Alegrias dentro delas.

Então, muitas outras crianças nesses milhares de anos que se passaram descobriram essa caixa e, uma delas é a extraordinária Caixa de Beatriz que o Mágico de Triz entregou à meninada da Escola para abrirem, e de lá retirarem as letras, palavras e frases que expressem os mais lindos sentimentos e pensamentos que possam ter, para também espalharem mil e uma infinitas belezuras pelo mundo.

Essa lenda foi confirmada pelos Três Macacos SábiosKatanas que moram lá no Japão, através do seu Mensageiro, o Macaquinho Sagüi que vive ali nas redondezas da Escola Beatriz de Souza Brito.

Que as crianças do mundo e na Escola vejam, falem e ouçam dessas Alegrias...


Transcrito por Leo Nogueira Paqonawta

Nessas atividades as crianças “escolhem” dentre seus sentimentos e pensamentos uma palavra ou frase e, junto a seu nome, os escrevem num quadro representando uma paisagem da Escola usando letras coloridas que estão dentro da Caixa de Beatriz.

Vejam mais fotos das atividades na página de Facebook da Escola, clicando aqui.

domingo, 13 de outubro de 2013

Semana das Crianças no Cinquentenário da Escola Beatriz

Mágico Jorian Peçanha dando autógrafos

As crianças dos Anos Iniciais (Primeiro ao Quinto) participaram de uma semana já tradicional na Escola Beatriz que, em 2013, teve atrações especiais.

Durante toda a semana, de 7 a 11 de outubro, a meninada participou de diversas oficinas onde criaram cofrinhos, chaveiros, mosaicos e deliciosos cup cakes de chocolate com confeitos coloridos. Também tivemos momentos de Contação de Histórias na Biblioteca e muitas peripécias com balões e pintura de rosto, exibição de filmes e vídeos, atividades brincânticas com o PIBID UFSC Educação Física, muita agitação no Pula-pula e Piscina de Bolinhas. Todos os dias tivemos lanche coletivo com muitas guloseimas, além da pipoca e picolé e, presentes na sexta-feira.

Foi apresentado à criançada o Mágico de Triz, personagem chegado ao universo da Escola, que literalmente faz mágicas com sua varinha de condão - um lápis - com a qual re-escreve, re-colore e re-encanta o mundo. Re-presentado por uma criança do 1º. Ano, ele teve um encontro especial com o Mágico Jorian Peçanha durante uma de suas apresentações espetaculares no auditório da escola cheio de crianças, professores e outros curiosos dos Anos Finais que não resistiram de participar daqueles momentos.

As Oficinas tiveram a participação de:
Cupcake - Professores, merendeiras e nutricionista
Cofrinho - Graziela e Luciane
Chaveiro - Fernanda, Patrícia, Nadir
Mosaico - Loélia
Carimbo - Patrícia (Artes)
Mágico de Triz -  Léo
Contação de Histórias - Fernanda

A Semana das Crianças foi coordenada pela Profa. Cida e tivemos a parceria de instituições e pessoas especiais:

. Eletrosul
. SME/DEI/Creche Valdemar Profa. Rosetenair
. PIBID UFSC Educação Física

Agradecemos a todos que, de alguma forma, contribuíram para que aa semana tenha sido de alegria, prazer, diversão, emoção, confraternização...


Enfim, com certeza, as 280 crianças dos anos iniciais se sentiram muito especiais...

Assista aos vídeos e confira as fotos com muita "Imaginação à vista" da Semana das Crianças nos álbuns da página de Facebook da Escola, clicando aqui.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Semana Mundial do Brincar 2013



Semana Mundial do Brincar 2013

Esta semana é muito importante para a Aliança pela Infância, pois é uma mobilização que reúne diferentes atores, como pais, educadores, médicos, comunicadores, instituições privadas, representantes de instituições governamentais, entre outros. Juntos, realizamos um conjunto de ações com o objetivo de ressaltar a importância do Brincar na sociedade.

O foco  é lembrar os adultos sobre a necessidade de preservação e o respeito do tempo das crianças brincarem.  Cada vez mais vemos famílias que, por não poderem  ter um tempo de qualidade com seus filhos, compram vídeos, jogos eletrônicos entre outras coisas e passam menos tempo ao lado deles.

Chamamos de tempo de qualidade aquele que os adultos passam com as crianças, quando eles estão presentes com atenção e com amorosidade. Trata-se da presença atenta à intermediação, quando necessária, quando solicitada. Nada mais.

Neste contexto, ressaltamos também os cuidados que os adultos precisam ter com os excessos de zelo, interferindo constantemente nas brincadeiras das crianças, sem respeitá-las. Cada brincadeira tem um momento e cada criança tem um tempo interno que a conecta à brincadeira.

Quando adultos cometem interferências constantes, tentando ensinar as crianças a brincar corretamente, eles podem estar anulando outras possibilidades de construções internas que ocorrem naquele momento.

Cuidados como estes e outros, como respeitar os momentos das brincadeiras livres, onde podem correr e se movimentar, fazem parte da necessidade das crianças para que  possam  desenvolver-se  plenamente, de forma sadia, física e emocionalmente.
Para que isso seja respeitado, é preciso que a sociedade atual tenha consciência e se preocupe em ter espaços públicos adequados e seguros para tornar viável esta necessidade vital do ser humano.

O Brincar é um direito político das crianças que une, por meio da Semana do Brincar, parceiros com as mais distintas origens para fazer parte desta ciranda. É um caminho de transformação social que tem como missão honrar o direito de ser criança.

O que é a Semana Mundial do Brincar?

Uma semana de mobilização promovida por todos os núcleos da Aliança pela Infância no Brasil e nos municípios parceiros que compartilham conosco suas experiências.

São manhãs e tardes de brincadeiras abertas para a comunidade, palestras e ciclos de debates, sempre com o tema do brincar, realizados graças a uma série de articulações.

Objetivo
Contribuir para o aumento da sensibilização e da consciência sobre a importância do brincar e o respeito que devemos ter por esta ação e compartilhar o impacto das consequências de termos cada vez menos tempo para esta ação na infância.
De que brincar estamos falando?

O brincar em que acreditamos é:

. Atividade essencial com fim em si mesma
. Instrumento de expressão e desenvolvimento da criança
. Resgate cultural das brincadeiras de rua e vivências lúdicas
. Fonte de aprendizado, transmissão de saberes e de educação para todos
. Expressão cultural que promove encontros entre membros de gerações diferentes
. Criador de vínculos sociais e de comunicação
. Lazer e fonte de prazer

Por quê?
A Aliança pela Infância no Brasil tem divulgado e incentivado a comemoração do Dia internacional do Brincar, desde sua criação. Para esta rede, o movimento que dissemina o Brincar é extremamente importante, pois acredita que as crianças precisam de tempo para ser crianças.

Como o movimento vem crescendo a cada ano, a comemoração do Dia Internacional do Brincar também se ampliou e conquistou cada vez mais adesões e parcerias, tendo se transformado na Semana Nacional do Brincar em 2010.

A Semana Mundial do Brincar é uma campanha de mobilização social de grande relevância para o trabalho da rede no Brasil. A Aliança pela Infância tem acompanhado o curso que este evento tem tido no país e seus desdobramentos. Acredita que ainda há muito por fazer neste âmbito, pois se trata da garantia de um dos direitos essenciais das crianças.

Como acontece?
São manhãs e tardes com oficinas e espaços abertos para brincadeiras, música, artes plásticas, teatro, danças, circo, leitura, contação de histórias, manifestações culturais tradicionais e atividades livres em espaços lúdicos com brinquedos não estruturados. Também há para adultos, a  organização de palestras e debates sobre este tema.

As comemorações ocorrem em todos os núcleos da Aliança pela Infância e nos municípios que entram em contato com a gestão nacional da Aliança pela Infância, para desenvolverem ações em parceria. Para isso precisamos garantir que:

. A participação nesta comemoração seja gratuita para todos;
. As ações desta semana permitam a união de pessoas de idades e culturas diferentes;
. O brincar seja tratado como uma ação com um fim em si mesma;
. As ações desta semana promovam o brincar sob todas as suas formas: brincadeiras, momentos com brinquedos diferenciados, jogos de tabuleiro, jogos ao ar livre, brincadeiras tradicionais, e iniciativas como exposições, palestras, debates;
. Nesta semana, nossos esforços sejam focados em promover a prática do brincar em espaços públicos e privados, instituições,escolas, na rua e na família.

Mais informações sobre aonde está acontecendo a Semana clicando aqui.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Brincadeiras do Sul: a reinvenção do brincar em Santa Catarina



Brincadeiras do Sul: a reinvenção do brincar em Santa Catarina

O empenho em resgatar as brincadeiras da região catarinense envolve toda a comunidade escolar. Na capital, Florianópolis, atividades relacionadas ao boi de mamão, folclore do estado, são parte do projeto político-pedagógico da Escola Desdobrada e NEI Costa da Lagoa, que fica em uma área com acesso por barco.

As crianças de todos os anos de ensino participam da confecção das fantasias - feitas com tecidos e com a técnica de empapelamento - pesquisam sobre a história e participam dela representando os vários personagens. "Esse trabalho faz parte do processo de construção do conhecimento sobre a cultura local e preserva a identidade da comunidade", conta Elizete Maria Marques, professora do 2° e do 4º anos.

A preservação e a divulgação dessa atividade são tão valorizadas pela escola que, constantemente, as famílias dos alunos e os moradores dos arredores são convidados para assistir às crianças brincando. Eles se reúnem no pátio de chão de areia e observam um espetáculo, que é a representação do boi de mamão.

Veja as quatro brincadeiras de Santa Catarina clicando aqui.

Reproduzido de Nova Escola
Via SME/Facebook

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Pedro Bandeira: O que eu vou ser quando crescer?


O que eu vou ser quando crescer?

Pedro Bandeira

Por que me perguntam tanto,
o que eu vou ser quando crescer?
O que eles pensam de mim
é o que eu queria saber!

Gente grande é engraçada!
O que eles querem dizer?
Pensam que eu não sou nada?
Só vou ser quando crescer?

Que não me venham com essa,
pra não perder o latim.
Eu sou um monte de coisas
e tenho orgulho de mim!

Essa pergunta de adulto
é a mais chata que há!
Por que só quando crescer?
Não vou esperar até lá?

Eu vou ser quem eu já sou
neste momento presente!
Vou continuar sendo eu!
Vou continuar sendo gente!

BANDEIRA, Pedro. Mais respeito, eu sou criança! Ilustrações de Odilon Moraes - 2 ed. 2009. Página 20.

Recebido via e-mail Grupo Estágio Pedagogia UFSC
12 nov 2012

sábado, 3 de novembro de 2012

O Fim do recreio


O Fim do Recreio

O curta metragem de ficção realizado pela Parabolé está em circuito de festivais e mostras de cinema!

Sinopse
No Congresso Nacional, um projeto de lei pretende de acabar com o recreio escolar. Ao mesmo tempo, em uma escola municipal de Curitiba, um grupo de crianças pode mudar toda essa história. Recheado de vibrantes brincadeiras infantis, O Fim do Recreio é um curta-metragem para todos os públicos, que bota a boca no trombone e avisa: cobra parada não engole sapo!

Prêmios
. Foi o grande vencedor da 11ª Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis, escolhido pelo Júri Oficial e pelo voto do público infantil - recebeu um Prêmio Aquisição da TV Brasil

. Escolha do Juri Popular na 14ª Mostra de Cinema de Londrina - recebeu um Prêmio Aquisição da RPC TV

Ficha técnica

Elenco
Felipe - Weslei Eduardo Alves de Lima
Cleber - Jackson Thierry do Nascimento Neres
Pedro - Enzo Tommasi
Senador - Vinicius Mazzon
Apresentadores dos telejornais - Gustavo Horn
Voz de manchete de jornal - Nélio Spréa
Diretora - Kátia Horn
Inspetora - Greice Barros
Professora - Luana Godinho

Roteiro e Direção
Vinicius Mazzon e Nélio Spréa

Produção

Saiba onde e quando foi ou ainda vai ser exibido clicando aqui.

Assista ao curta (completo) em SundayTV/Terra, clicando aqui.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Capacitação para Multiplicadores Culturais na arte do brincar



Capacitação para Multiplicadores Culturais na arte do brincar

Amigos,

O Grupo Cultural Roda Viva tem o prazer de convidá-los a participar de nossa Capacitação para Multiplicadores Culturais na arte do brincar...

A capacitação é composta por brincadeiras cantadas, brincadeiras folclóricas, brincadeiras de mãos, copos, corda e elástico.

Essa vivência lúdica, será oferecida á escolas da rede municipal, estadual e particular, sendo que cada escola poderá enviar 1(um) representante, que participará e voltará a sua escola como um multiplicador cultural.

Para quem se interessar, teremos duas oportunidades gratuitas para fazer a capacitação:

Opção 1

Capacitação facilitada pelo Fundo Municipal de Cultura, pelo qual o grupo foi contemplado com o Projeto Cirandar.

Serão disponibilizadas 30 vagas, com inscrições feitas através deste e-mail ou pelos telefones: 3234-1402 / 9976-1686 (Camila)

Inscrições abertas a partir do dia 16/10.

A oficina se realizará no dia 06/11, das 13 as 19 hs na Casa da Máquinas, Praça Bento Silvério Lagoa da Conceição.

Opção 2

Estaremos nos dias 26,27 e 28/10 ministrando o CIRANDA SESC na unidade Sesc Prainha. É uma capacitação para multiplicadores Culturais, serão 24 hs de curso. Inscrições abertas e maiores informações no SESC PRAINHA, pelo telefone: 3229-2200, falar com Rodrigo,técnico de lazer.

São 35 vagas, abertas ao público. Não percam!

Aguardamos vocês para brincar com a gente...

Em anexo o release da oficina.

Atenciosamente,

Camila Mafra

www.grupoculturalrodaviva.blogspot.com
grupoculturalrodaviva@hotmail.com
(48) 3234-1402 / 9976-1686

Recebido via e-mail

sábado, 1 de setembro de 2012

O Direito da Criança ao Brincar

Aula de Educação Física com a Profa. Lorena na Escola Beatriz

Pesquisadores sustentam que brincar é fundamental; entenda por quê

Maurício Horta
Do UOL, em São Paulo

Os amigos imaginários, as brincadeiras com bonecos e fantoches, os desenhos, e todo o mundo da representação surgem por volta dos dois anos e não param mais

Qualquer que seja a cultura ou a época, a criança brinca. Desde o bebê que põe na boca todo objeto que vê na frente até as crianças que jogam vôlei na rua, qualquer criança saudável sente prazer em brincar. Mas qual a importância disso? Em resumo, a brincadeira constrói a mente. “O brincar desenvolve a percepção, a coordenação motora, a criatividade, o vocabulário, a afetividade e o vínculo com o outro”, diz Quézia Bombonatto, presidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia.

Acontece que não somos como um computador: não nascemos com algum tipo de programa pré-instalado que nos permita, de cara, reconhecer e entender o que está à sua volta, comunicar-se, criar novas coisas, lidar com suas emoções e obedecer a regras. E esse “programa” tampouco pode ser instalado de cima para baixo, como em uma sala de aula onde o professor dita uma matéria e a criança a copia. Ele é construído aos poucos, livremente, conforme a criança procura obter prazer explorando o mundo e interagindo com outras pessoas. Conforme ela brinca.

E como acontece isso? Segundo Jean Piaget (psicólogo suíço, o primeiro a estudar o processo de aquisição de entendimento das crianças) em três tipos de jogos: os de exercício, os simbólicos e os de regras, que vão surgindo conforme a criança cresce.  É o que veremos a seguir.

Jogos de exercício: cadê o toucinho que estava aqui?

Quando o bebê ainda é bem pequenininho, o mundo é ele. O resto é um monte de coisas desorganizadas a serem exploradas por meio de seus sentidos e movimentos. “E todos os movimentos que o bebê faz e que dão prazer são um ato de brincar”, diz Paula Birchal, psicóloga e professora da PUC de Minas Gerais.

Por exemplo, ele agita as mãos e acha um chocalho. Sente o objeto, pega-o e percebe que fez barulho. Então chacoalha, chacoalha até que caia no chão. E chora. Depois, agarra uma bolinha. Cheira, morde, bate e joga. A mãe pega a bola e a entrega de volta à criança, que a joga novamente, esperando que a mãe a pegue mais uma vez. É nessa repetição que está o pulo do gato. Basta que, por acaso, uma ação provoque um resultado imprevisto -e prazeroso- para que a criança comece a repeti-la. “Ela vê e faz, vê e faz, e cada vez vai fazendo melhor”, diz Paula. Com o tempo, ela percebe que novos resultados não acontecem apenas por acaso, mas que pode conseguir resultados diferentes mudando intencionalmente suas ações. Que pode combinar ações. Que suas ações podem acontecer em situações diferentes.

É assim, bem aos poucos, com repetições que levam a descobertas, e ações que levam a novas descobertas, que a criança passa a se relacionar com o mundo à volta. É por isso que Paula considera o jogo de exercício o mais fundamental dos jogos. “Se a criança não construir uma relação com o objeto lúdico, não conseguirá construir relações com o outro”, explica. Sem essa interação prazerosa, a criança ficará apática, indiferente.

Em sua tese de doutorado, Paula comparou o comportamento de crianças numa creche de Belo Horizonte onde não havia brinquedos que pudessem estimular esses jogos de exercício. Um grupo continuou como estava, e outro recebeu um kit com bolas, caixa de formas, chocalho, jogo de empilhar, livrinho e mordedores em formato de bichinhos. “Crianças sem esses objetos eram mais passivas, relacionavam-se menos. À medida que mexeram com os brinquedos, apareceu a disputa, a interação, a surpresa e o sorriso. As manifestações afetivas. O brincar promove a afetividade”.

Conforme a criança cresce -e mesmo quando o indivíduo é adulto- os “jogos de exercício” não deixam de existir. Apenas se tornam mais complexos: brinca-se não só com objetos, mas com ideias, sentimentos, pessoas, situações. Mas não deixam de existir. Paralelamente a esses jogos, outro tipo de brincadeira começa a surgir ainda por volta do primeiro ano de idade. Além de explorar algo que existe e que está diante dela, a criança passa a imitar algo que não está presente.

Jogo simbólico: faz de conta

“Tudo começa com a criança fazendo vozes de animais, imitando a mãe e o pai”, diz Maria Angela Barbato Carneiro, coordenadora do Núcleo de Cultura e Pesquisas do Brincar da PUC-SP.  De certa forma, a criança está brincando com o animalzinho. Mas com uma grande diferença: não é o animalzinho propriamente dito, mas alguma coisa que o substitui.

Esse é o começo do próximo tipo de jogo de Piaget: o “jogo simbólico”. Aqui entramos para o mundo da imitação, da representação, da fantasia. Do faz de conta que surge para valer por volta dos dois anos, e não para mais. São os amigos imaginários, as brincadeiras com bonecos e fantoches, os desenhos, o teatrinho. A caixa de sapato vira carro, um lençol vira cabana da selva. A criança vira mãe, médico, caminhoneiro, professor -o que quiser.

“A criança vai imitar o que ela vir. Vai conversar com amigo invisível, conversar com a boneca como se fosse pessoa, como se fosse o professor ou o colega”, diz Maria Angela. Ela começa esse tipo de jogo sozinha. Mas, conforme cresce, vai bricar com mais outras. Aí está mais um grande passo: esse jogo se tornará socializado, não só no sentido de brincar com mais crianças, mas também no de assumir vários papéis sociais, ainda que na imaginação. “A criança vai imitando tudo o que vê nos adultos, seja na família, seja nas profissões ou em outras situações que possam surgir. E isso é importante para a criança entender esses papéis”, diz Maria Angela.

A fantasia também serve para a autoestima da criança. “Ela pode errar, não chegar até o final. Mas não tem problema. O erro nunca é punido. A criança tem oportunidade de voltar a fazer de novo”, diz Maria Angela. Além disso, tem a oportunidade de criar, ir além. “Se não explorar sua imaginação, a criança vai ficar com um pensamento muito limitado, muito pouco criativo”.

Às vezes o adulto acha que o faz de conta é só um passatempo. É um grave engano. A brincadeira de faz de conta também serve para expressar aquilo que criança não consegue dizer habilmente. “Enquanto brinca com um boneco, a criança pode comunicar, por exemplo, alguma violência que sofra”, conta Maria Angela.

Até aqui, a brincadeira não obedece a regras. Até que, por volta dos cinco anos, começa a ficar claro nas brincadeiras o que vale e o que não vale. O que é perder e o que é ganhar. É quando surge o embrião dos “jogos de regras”.

Jogo de regras: levando na esportiva

Quando a criança é pequena, ela gosta de jogar bola. Primeiro, ela sente a bola. Sua cor, sua textura, sua forma. Depois, joga a bola e vê que ela quica. E acha graça. Então, transforma a bola em outra coisa: num amiguinho, no pai, na mãe, num animalzinho. Mas mesmo que ela já esteja chutando a bola com outras crianças, ela ainda não joga futebol. Se ela brincar de pelota, o dono da bola sempre vai ser vencedor, simplesmente porque ainda não há regras. Tudo pode, tudo vale. Até que, por volta dos seis anos, ela e seus amiguinhos começam a se dividir em aliados e adversários.

O seu jogo não é mais chutar a bola de um lado para o outro, mas chutá-la dentro de uma área determinada, com pessoas determinadas contra outras pessoas determinadas, com regras determinadas. Conforme aprende as regras, constrói estratégias, toma decisões, analisa erros e lida com perdas e ganhos. De pelota, passa a jogar futebol. “Ela aprende a perder, a esperar a vez dela. A lidar com a frustração, a crítica, o que vai ser fundamental para uma adolescência menos sofrida”, diz Vera Barros de Oliveira, presidente da Associação Brasileira de Brinquedotecas.

É então que surgem os campeonatos, desde futebol até plantar bananeira. Também se torna claro quando há justiça ou injustiça. “Quando os pais protegem um filho mais novo, o mais velho geralmente se sente trapaceado, pois o menor burla as regras”, diz Quézia Bombonatto.

Por ser tão importante para o desenvolvimento, a criança precisa praticar todo tipo de brincadeira. “Nossas crianças perderam muito do brincar: pular corda, bolinha de gude, telefone sem fio, jogos de roda. Essas brincadeiras que antigamente aconteciam na rua ficaram restritas à escola”, diz Quézia.

E não basta participar de brincadeiras. É preciso também desempenhar diferentes papéis. “Vejo crianças que ficam à mercê do grupo, e para sentir que pertencem acabam aceitando o papel do fraco. Aceitam o papel de escravo, do capacho. Enquanto as outras crianças jogam bola, elas carregam as mochilas”, diz Quézia. “Esse papel pode existir. Mas uma criança não pode jogar apenas um papel.

Reproduzido de UOL
01 set 2012

Leia também no UOL:

“Brinquedo não tem gênero: boneca e carrinho podem divertir meninos ou meninas” (30/08/12) clicando aqui.

“Brincar de mocinho e bandido pode? Saiba a opinião de especialistas” (31/08/12) clicando aqui.

Saiba mais sobre o direito ao brincar:

"O direito de brincar", por Dilan Camargo no Recanto das Letrs (17/05/09) clicando aqui.

"Declaração: o direito da criança ao brincar", por IPA, clicando aqui.

“Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança” (adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 20 de novembro de 1989, artigo 31, clicando aqui.

Art. 31

1 – Os Estados Partes reconhecem o direito da criança ao descanso e ao lazer, ao divertimento e às atividades recreativas próprias da idade, bem como à livre participação na vida cultural e artística.

2 – Os Estados Partes promoverão oportunidades adequadas para que a criança, em condições de igualdade, participe plenamente da vida cultural, artística, recreativa e de lazer.