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sábado, 26 de outubro de 2013

Os Três Sábios Macacos Katanas: a lenda


三猿 刀

Sanzaru Katana
Os Três Sábios Macacos Katanas

Desde muito, muito, muito tempo atrás,
na remota antiguidade do mundo,
existe uma caverna secreta
no mais alto monte no Japão,
que abriga o Templo
dos Três Macacos Sábios ou Três Macacos Katanas.

Conta a lenda que os Três Sábios Macacos
chegaram ao arquipélago em um barco
que vinha de mares distantes,
outros dizem que o barco chegara
das estrelas de uma constelação longínqua,
quando aquela montanha era um vulcão efervescente.

Eles vieram em missão para acalmar o vulcão
e ensinarem à humanidade nascente
a prática da sagrada arte do uso dos sentidos
para combater o mal dentro de nós mesmos.

Mizaru, Kikazaru e Iwazaru
orientam todos aqueles que se dispõem
a aprender tal prática, que só se desenvolve
e se educa quando se vive nas próprias comunidades
através do exemplo da dedicação,
alegria e amor mais puros
ao aperfeiçoamento da bondade,
a si mesmo e ao próximo.

Os Três Sábios Macacos orientam na Luz,
no Amor e no Poder da Sabedoria
que transforma todo mal no bem.

No decorrer de milênios poucos peregrinos
conseguiram chegar fisicamente até o local sagrado
para, aos pés dos Três Sábios Macacos Katanas,
receberem a honra de serem guardiões da Katana,
e defenderem a paz
e a harmonia entre as pessoas.

Pode-se também chegar ao templo
todos aqueles que aspiram por ajudarem
a evolução da humanidade, através das asas do sono,
do sonho e sentimentos
e pensamentos mais puros e reais.

E isso é o que tem acontecido ultimamente.

Acredita-se que esses guardiões foram
muito poucos através da história,
e os que existiram tiveram
uma vida pacata entre os povos,
mas plena de exemplos de sabedoria
para aqueles com os quais conviviam.

Sabe-se que os Três Sábios Macacos Katanas
recentemente receberam
no templo do alto do monte
- através do caminho do sonho -
prepararam e enviaram
novos discípulos aos quatro cantos do mundo,
para acompanhar, proteger e seguir adiante
na construção de um mundo novo.

Esses discípulos estão entre as crianças
que fazem tanta macaquice alegremente
nos recantos mais diferentes do planeta.
Elas estão em todos os lugares
e precisamos enxergá-las,
ouvi-las e falar com elas
e a elas.

Neste tempo de mudanças e de transição,
que não se veja,
que não se ouça
e que não se fale mais do mal
que tantas tristezas trouxe ao mundo.

Agora, dizem os Três Sábios Macacos Katanas,
o tempo é de se viver com coragem
para tudo suportar,
perseverança para tudo de bom conseguir,
e alegria para tudo reconstruir"...

A Luz no ver, o Amor no ouvir e o Poder no falar,
na Sabedoria que os Três Sábios Macacos Katanas vivem e ensinam,
a tudo transformarão...

Fonte: Buba Katana
2010

...É chegado o Tempo/Espaço
para essas descobertas
e viver essa Sabedoria mais que nunca!...

A Caixa de Beatriz


A Caixa de Beatriz

Em outubro de 2013 durante a Semana das Crianças na Escola Beatriz, o Mágico de Triz apresentou à meninada a extraordinária Caixa de Beatriz que, segundo uma antiquíssima lenda, tem dentro dela uma mágica poderosíssima que apenas as crianças conseguem descobrir o segredo e realizar um maravilhoso feito.

Há muitos e muitos anos atrás, na verdade milhares de anos, houve uma caixa mais ou menos parecida - chamada Caixa de Pandora pelos antigos gregos - que continha dentro dela todos os males, ruindades e tristezas. Dizem que um dia ela foi aberta pela Senhora Pandora, espalhando tudo isso pelo mundo. Só uma “coisa” ficou lá dentro da tal caixa, após ela ser fechada às pressas: a Esperança.

Mas, porém, todavia, contudo, havia uma menininha muito esperta - que muitos creem que cresceu e passou a se chamar Dona Maternidade - que possuía uma outra caixa, e dentro dela haviam todas as bondades e belezas, enfim, as Alegrias, que também poderiam ser espalhadas pelo mundo. E essa menininha inventou de fazer muitas e muitas caixas com bastante Alegrias dentro delas.

Então, muitas outras crianças nesses milhares de anos que se passaram descobriram essa caixa e, uma delas é a extraordinária Caixa de Beatriz que o Mágico de Triz entregou à meninada da Escola para abrirem, e de lá retirarem as letras, palavras e frases que expressem os mais lindos sentimentos e pensamentos que possam ter, para também espalharem mil e uma infinitas belezuras pelo mundo.

Essa lenda foi confirmada pelos Três Macacos SábiosKatanas que moram lá no Japão, através do seu Mensageiro, o Macaquinho Sagüi que vive ali nas redondezas da Escola Beatriz de Souza Brito.

Que as crianças do mundo e na Escola vejam, falem e ouçam dessas Alegrias...


Transcrito por Leo Nogueira Paqonawta

Nessas atividades as crianças “escolhem” dentre seus sentimentos e pensamentos uma palavra ou frase e, junto a seu nome, os escrevem num quadro representando uma paisagem da Escola usando letras coloridas que estão dentro da Caixa de Beatriz.

Vejam mais fotos das atividades na página de Facebook da Escola, clicando aqui.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

A lenda do Saci Pererê

Foto: Alexandre Mury

A lenda do Saci Pererê


A lenda é assim! Basta que exista um bambuzal e, de repente, de dentro dos caniços, nascem os sacis. É como eles vêm ao mundo, dispostos a fazer estripulias. Conta a história que esses seres já existiam bem antes do tempo que os portugueses invadiram nossas terras.

Ele nasceu índio, moleque das matas, guardião da floresta, a voejar pelos espaços infinitos do mundo Tupi-Guarani. Depois, vieram os brancos, a ocupação, e a memória do ser encantado foi se apagando na medida em que os próprios povos originários foram sendo dizimados.

Quando milhares de negros, caçados na África e trazidos à força como escravos, chegaram no já colonizado Brasil, houve uma redescoberta. Da memória dos índios, os negros escravos recuperaram o moleque libertário, conhecedor dos caminhos, brincalhão e irreverente. Aquele mito originário era como um sopro de alegria na vida sofrida de quem se arrastava com o peso das correntes da escravidão.

Então, o moleque índio ficou preto, perdeu uma perna e ganhou um barrete vermelho, símbolo máximo da liberdade. Ele era tudo o que o escravo queria ser: livre! Desde então, essa figura adorável faz parte do imaginário das gentes nascidas no Brasil.

O Saci-Pererê é a própria rebeldia, a alegria, a liberdade. Com o processo de colonização cultural via Estados Unidos – uma nova escravidão - foi entrando devagar, na vida das crianças brasileiras, um outro mito, alienígena, forasteiro. O mito do Haloween, a hora da bruxa e da abóbora, lanterna de Jack, o homem que fez acordo com o diabo.

Queremos vida digna, um país soberano na política, na economia, na arte e na cultura. Cada região deste Brasil tem seus próprios mitos. Caipora, Boitatá, Curupira, Bruxa, Negrinho do Pastoreio... São os amigos do Saci que estão presentes na atividade do Dia do Saci Pererê, saudando e buscando a liberdade.

Elaine Tavares

Em Florianópolis a celebração do Dia Nacional do Saci-Pererê se deu no dia 31 de outubro, quarta-feira, das 16h30 às 18h30, na Esquina Democrática, em frente à igreja São Francisco. Promoção é do Sindicato dos Trabalhadores no Poder Judiciário Federal do Estado de Santa Catarina (Sintrajusc), com apoio do Sindicato dos Trabalhadores da Universidade Federal de Santa Catarina (Sintufsc) e da Revista Pobres & Nojentas.

***

O SACI (1951)



O Saci
Direção de Rodolfo Nanni (Brasil, 1951)

O Saci e o fantástico para crianças

O Saci foi um marco para o cinema brasileiro por várias razões: foi o primeiro longa-metragem infantil realizado no país, o primeiro inspirado na obra de Monteiro Lobato e também um dos primeiros a reunir um grupo de artistas e intelectuais que teria papel definitivo na constituição de um projeto de cinema nacional, como o cineasta Nelson Pereira dos Santos, que foi assistente de direção do filme, e o pesquisador Alex Viany, gerente de produção. A equipe, chefiada pelo artista plástico Rodolfo Nanni, que até então tinha experiência no cinema apenas como continuísta (do inacabado AGLAIA, de Ruy Santos), contava também com outros profissionais importantes, como o fotógrafo Ruy Santos, o compositor Cláudio Santoro e o montador José Cañizares, além do elenco composto pelas crianças (Paulo Matozinho, como Saci; Livio Nanni, como Pedrinho; Aristela Paula Souza, como Narizinho) e outros atores convidados, como Maria Rosa Ribeiro (Dona Benta), Otávio Araújo (Tio Barnabé) e Benedita Rodrigues (Tia Nastácia).

Concebido como um projeto quase familiar e filmado nos estúdios alugados da Cinematográfica Maristela, em São Paulo, entre 1951 e 1953, o longa foi produzido num sistema independente, mas obteve, depois, significativo sucesso comercial. Inspirado no Saci-Pererê (1), figura folclórica conhecida no Brasil desde o século XVII, e cuja origem está na junção de uma figura da mitologia indígena com elementos das culturas africana e européia, o filme trazia a entidade brincalhona a partir da visão do escritor Monteiro Lobato, que a transformou em personagem recorrente da coleção Sítio do Pica-pau Amarelo, publicada entre 1921 e 1947 – e iniciada justamente com o livro O Saci.

O longa de Rodolfo Nanni contava uma das aventuras das crianças Pedrinho e Narizinho no Sítio do Pica-Pau Amarelo, quando o menino aprende a caçar sacis e acaba ficando amigo de um deles, que o leva para assistir à “sacizada” (reunião em que dezenas de sacis que se encontram magicamente durante a noite) no meio da floresta. Então, Pedrinho e seu novo amigo descobrem que Narizinho fora petrificada pela maldosa bruxa Cuca, e precisam resgatá-la em uma caverna assombrada, para desespero da vovó Dona Benta e da fiel cozinheira Tia Nastácia.

Como se pode depreender da trama, o filme era dedicado ao público infantil, mas também fazia parte de uma proposta mais abrangente de seus realizadores, no sentido de abordar a cultura e a identidade brasileiras no cinema, apresentando soluções estéticas diferentes daquelas que as grandes produtoras cariocas e paulistas (como a Atlântida, a Vera Cruz e a própria Maristela) haviam escolhido. Nesse sentido, o longa chama a atenção por apresentar-se como uma experiência lúdica, que abordou, de maneira quase teatral na direção de arte, e quase documental na direção de fotografia, personagens típicos da literatura e do folclore brasileiros, num recorte que pouco tinha a ver com um cinema “de gênero” internacional pretensamente emulado nos estúdios da época, e estava muito mais ligado à literatura e às representações populares do fantástico na cultura brasileira.

A obra acabou fazendo uma boa carreira comercial, beneficiando-se da popularidade dos textos de Monteiro Lobato e das leis de proteção ao cinema brasileiro, que garantiram a circulação da fita, sobretudo nas cidades do interior do país. O Saci também ganhou alguns prêmios importantes, como o Prêmio Saci de 1954 (concedido pelo jornal O Estado de S. Paulo) e o Prêmio Governador do Estado de São Paulo, no mesmo ano. O filme também teve sua memória relativamente bem preservada, sendo exibido eventualmente na televisão (nas emissoras educativas), e ganhando recentemente uma pouco divulgada edição em DVD, que traz, nos extras, um detalhado documentário sobre a realização do filme.


Ficha técnica

Diretor: Rodolfo Nanni
Elenco: Paulo Matozinho, Lívio Nanni, Otávio Araújo, Olga Maria, Maria Rosa Ribeiro, Aristéia Paula de Souza.
Produção: Alex Viany
Roteiro: Rodolfo Nanni, Arthur Neves
Fotografia: Ruy Santos
Trilha Sonora: Cláudio Santoro
Duração: 64 min.
Ano: 1951
País: Brasil
Gênero: Aventura
Cor: Preto e Branco
Distribuidora: Independente
Classificação: Livre

Laura Cánepa

Assista também:




Alexandre Mury



Alexandre Mury trabalha auto-retratos, a partir de releituras de ícones, da pintura, escultura, cinema, literatura e outras referências da cultura universal usando a fotografia como suporte. O artista fotografa desde os 16 anos e realizou sua primeira exposição coletiva importante em 2010 no MAM-RIO (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro), fazendo parte da coleção de Gilberto Chateaubriand.

Nascido no estado do Rio de Janeiro, no dia 13 de janeiro de 1976 é um artista por vocação, desde criança desenhou e pintou. A fotografia como expressão vem legitimá-lo como artista a partir do momento em que começa a ter suas primeiras obras na coleção de renomados colecionadores brasileiros de arte como Joaquim Paiva. Através da livre interpretação recontextualizada, lúdica e intrigante faz ressignificar célebres criações eternizadas e convida para repensar os clássicos. O caráter performático, a auto-direção, a escolha e produção de figurinos e cenários esquadrinham o estilo, inventividade e habilidades de um multiartista. A auto-imagem e o discurso do “eu” orientam a unicidade no conjunto de uma obra bastante eclética. O improviso e a visão alegórica remetendo as coisas do Brasil com uma estética vernacular e peculiar no trabalho do artista que explora o contexto contemporâneo mundial de reciclagens e releituras.

Conheça mais sobre o artista clicando aqui.

Foto: Alexandre Mury "como" Dr. Gachet, pintado por Van Gogh (1890) atualmente exposto no Museu D'Orsay (Paris/França)