Brincadeira
de gente grande
Escola
de Florianópolis oferece curso de Robótica e desperta interesse de adolescentes
em atuar na área
Especialistas
explicam que a disciplina ajuda a desenvolver a criatividade e o ensino
multidisciplinar
Por
Karine Wenzel
Quem entra na sala de
aula pode pensar que o espaço repleto de brinquedos é como outro qualquer de
uma escola. A cena remete a isso quando se veem jovens com idade entre 11 e 14
anos brincando com peças de lego de forma descontraída. Mas na verdade trata-se
de um curso de Robótica da Escola Básica Municipal Beatriz de Souza Brito, no
bairro Pantanal, em Florianópolis. Embora o assunto pareça ser de gente grande,
aos poucos ele começa a fazer parte do universo de crianças e adolescentes.
Muitos deles já sonham com um futuro profissional em meio a softwares, robôs
móveis, engenharia e computação.
O aluno da oitava série
Thiago Arnhold de Azevedo, 13 anos, é um deles. Acostumado a brincar com as
peças do lego, ele agora utiliza o conhecimento para montar robôs móveis que
carregam coisas e até podem ajudam equipes de salvamento em catástrofes.
— O curso é muito
interessante porque estimula a gente a trabalhar em equipe — comenta Thiago,
que planeja atuar na área de engenharia da automação daqui a alguns anos.
O garoto é um dos 25
alunos do curso de Robótica da Beatriz de Souza Brito, um projeto que faz parte
da Jornada de Educação Tecnológica (JET) e que conta com o apoio da prefeitura
de Florianópolis.
Conforme a supervisora
de Educação do Sesi, Karine Ribeiro, a JET — iniciativa do Sesi-SC em parceria
com a Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate) — começou a
desenvolver cursos em 2006 e já formou mais de 400 jovens em diferentes áreas
de tecnologia. Na escola de Thiago, os alunos aprendem noções básicas de
robótica de forma lúdica e divertida durante o encontro semanal de três horas. Conforme
o instrutor da turma, Hugo Gomes, as crianças já nascem sabendo e adoram
tecnologia.
— Às vezes eu até
aprendo com eles. Acho que quanto mais cedo conseguirmos fazer despertar esse
interesse, melhor será o ingresso profissional — afirma Gomes.
Curso
ajuda a desenvolver a criatividade e o ensino multidisciplinar
Exercitar a criatividade
e relacionar conhecimentos de diversas disciplinas são algumas das vantagens
apontadas por especialistas sobre o ensino da robótica para crianças e
adolescentes nas salas de aula. De acordo com Silvio Kotujansky, diretor da
Vertical Educação, grupo de empresas do setor vinculado à Associação
Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate), os projetos que envolvem
robótica são desenvolvidos em ambientes de aprendizado muito ricos, pois
ensinam os alunos a utilizarem materiais como sucata, motores, sensores e
softwares. Além disso, transformam a teoria em prática e de forma lúdica.
— Eles (alunos)
trabalham em equipe e com gestão de projetos, além de usarem noções de física,
matemática e até português — avalia.
Em contrapartida, as
organizações também saem ganhando com a iniciativa. Kotujansky afirma que as
empresas precisam de profissionais que saibam inovar, que sejam criativos e
entendam de tecnologia para atender a um mercado cada vez mais competitivo.
O professor Anderson
Luiz Fernandes Perez, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC),
coordena o Projeto Oficina de Robótica da instituição no campus de Araranguá.
Lá, os estudantes do
ensino médio da Escola de Educação Básica Professora Maria Garcia Pessi são
capacitados para desenvolver pequenos dispositivos robóticos. Mas a
contribuição do projeto vai muito além disso.
— Contávamos com alunos
que nem tinham ideia do que estudar e hoje se interessam pelo curso. E tem
aqueles que despertaram a vontade de fazer Engenharia de Computação, por
exemplo, a partir das aulas de robótica — diz.
Modelo
de trabalho será desenvolvido para as meninas no próximo ano
Na avaliação do
professor, as escolas deveriam ter disciplinas de engenharia e robótica em sua
grade curricular para suprir a carência do mercado de trabalho.
O
projeto Oficina de Robótica, que tem financiamento do Conselho Nacional de
Pesquisa de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da mineradora
Vale S.A, deve atender 120 alunos até fevereiro de 2014. No próximo ano, Perez
planeja desenvolver um novo trabalho, também de robótica, porém voltado
exclusivamente para as meninas do ensino médio.
Foto: Daniel Conzi /
Agencia RBS
Reproduzido de Diário
Catarinense
26 nov 2013
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