IV Semana Paulo Freire na UFSC
Entre os dias 19 e 21 de agosto será
realizada a IV Semana Paulo Freire, com o tema “Pedagogias latino-americanas
para a transformação social”. O evento será realizado na Universidade Federal
de Santa Catarina (UFSC). As inscrições são gratuitas e abertas ao público.
Confira os locais na programação.
A Semana Paulo Freire foi idealizada pela
professora Maristela Fantin* e seu grupo de estudos para intensificar estudos e
relatos de experiências concretas de ações comunitárias e educacionais
populares pautadas nas teses educacionais de Paulo Freire, considerado
internacionalmente como o maior educador do século passado, autor muito lido em
vários países, mas ainda pouco conhecido em seu próprio país.
Em sua quarta
edição, a Semana Paulo Freire contará com a participação de destacados
estudiosos do pensamento pedagógico latino-americano e das obras de Paulo
Freire, José Martí e Simón Rodríguez, que nos proporcionarão conferências e
minicursos introdutórios ao pensamento, á obra e à prática social desses
pensadores de nossa América, rompendo assim com o determinismo do pensamento
colonial estadunidense e eurocêntrico desfocado do diálogo dos pensadores de
nossa gente.
Paulo Freire
nos ensinou, com sua prática social e metodologia, a nos organizarmos e
avançarmos na construção de projetos coletivos, populares e libertadores.
Segundo ele “a leitura de mundo precede a leitura da palavra e ninguém se educa
sozinho; os homens educam-se coletivamente mediados pelo seu estar concreto no
mundo”.
José Martí é
considerado o apóstolo da revolução cubana e “o mais universal dos homens do
gênero humano”. Sua força moral, ética e seu brilhantismo acadêmico
intelectual, harmonizado com sua sensibilidade em cultivar toda a forma de vida
planetária, têm inspirado a educação de sucessivas gerações, em especial dos
cubanos, a trilharem pelos caminhos da beleza, da harmonia, da rigorosa
formação científica e também a combaterem a implacável luta organizada contra
todas as formas de destruição da vida humana e as injustiças do mundo.
Simón
Rodríguez foi o grande mestre de Simón Bolívar, o libertador das Américas,
defensor da pátria grande, de uma América latina unida em suas culturas
autóctones, ilustradas e populares, e liberta de todas as determinantes de sua
colonização econômica, cultural e intelectual. Simón Rodríguez inscreve-se em
suas teses, entre os grandes ícones do projeto de edificação altiva do
povo latino-americano, erguendo-se como horizonte para a construção de um novo
projeto civilizatório para a humanidade.
Assim é, que,
nesse momento de inquietação/desarrumação social vivido em nosso país ancorado
em sucessivas manifestações de indignação social da população nas ruas a exigir
novas posturas éticas, proposições políticas, educacionais, econômicas e,
principalmente, novas formas e metodologias de se fazer gente e povo em nosso
país, pensamos ser oportuno o estudo desses autores, que por certo nos
auxiliarão a rever, renovar e iluminar nossas práticas sociais.
Por tudo
isso, nosso desejo profundo, ao organizarmos a IV Semana Paulo Freire, foi unir e qualificar as nossas bandeiras
através da função pública que deve ser inspiração da UFSC, intra e extramuros,
ou seja, o de se fazer agente da mudança e da transformação social e de
vanguarda na luta pela superação de todas as injustiças cometidas pelos homens
contra os próprios homens e sobre toda a forma de vida planetária.
Adriana D´Agostini
Chefe do
Departamento de Estudos Especializados em Educação do CED/UFSC
Paulo Capela
Presidente do
IELA
__________________
* Professora da UFSC
Reproduzido de Notícias UFSC
Paulo Freire: educador reconhecido
internacionalmente pelo método de alfabetização
Paulo Régis
Neves Freire, educador pernambucano, nasceu em 19/9/1921 na cidade do Recife.
Foi alfabetizado pela mãe, que o ensina a escrever com pequenos galhos de
árvore no quintal da casa da família. Com 10 anos de idade, a família
mudou para a cidade de Jaboatão.
Na adolescência começou
a desenvolver um grande interesse pela língua portuguesa. Com 22 anos de idade,
Paulo Freire começa a estudar Direito na Faculdade de Direito do Recife.
Enquanto cursava a faculdade de direito, casou-se com a professora primária
Elza Maia Costa Oliveira. Com a esposa, tem teve cinco filhos e começou a lecionar
no Colégio Oswaldo Cruz em Recife.
No ano de
1947 foi contratado para dirigir o departamento de educação e cultura
do Sesi, onde entra em contato com a alfabetização de adultos. Em 1958 participa
de um congresso educacional na cidade do Rio de Janeiro. Neste congresso,
apresenta um trabalho importante sobre educação e princípios de alfabetização.
De acordo com suas ideias, a alfabetização de adultos deve estar diretamente
relacionada ao cotidiano do trabalhador. Desta forma, o adulto deve conhecer
sua realidade para poder inserir-se de forma crítica e atuante na vida social e
política.
No começo de
1964, foi convidado pelo presidente João Goulart para coordenar o Programa
Nacional de Alfabetização. Logo após o golpe militar, o método de
alfabetização de Paulo Freire foi considerado uma ameaça à ordem, pelos
militares. Viveu no exílio no Chile e na Suíça, onde continuou produzindo
conhecimento na área de educação. Sua principal obra, Pedagogia do Oprimido,
foi lançada em 1969. Nela, Paulo Freire detalha seu método de alfabetização de
adultos. Retornou ao Brasil no ano de 1979, após a Lei da Anistia.
Durante a
prefeitura de Luiza Erundina, em São Paulo, exerceu o cargo de secretário
municipal da Educação. Depois deste importante cargo, onde realizou um belo
trabalho, começou a assessorar projetos culturais na América Latina e África.
Morreu na cidade de São Paulo, de infarto, em 2/5/1997.
Obras do
educador Paulo Freire:
A propósito
de uma administração. Recife: Imprensa Universitária, 1961.
Conscientização
e alfabetização: uma nova visão do processo. Estudos Universitários – Revista
de Cultura da Universidade do Recife. Número 4, 1963: 5-22.
Educação como
prática da liberdade. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1967.
Pedagogia do
oprimido. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra, 1970.
Educação e
mudança. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1979.
A importância
do ato de ler em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez Editora,
1982.
A educação na
cidade. São Paulo: Cortez Editora, 1991.
Pedagogia da
esperança. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1992.
Política e
educação. São Paulo: Cortez Editora, 1993.
Cartas a
Cristina. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1974.
À sombra
desta mangueira. São Paulo: Editora Olho d’Água, 1995.
Pedagogia da
autonomia. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1997.
Mudar é
difícil, mas é possível (Palestra proferida no SESI de Pernambuco). Recife:
CNI/SESI, 1997-b.
Pedagogia da
indignação. São Paulo: UNESP, 2000.
Educação e
atualidade brasileira. São Paulo: Cortez Editora, 2001.
Fonte: Sua Pesquisa
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